quarta-feira, 22 de junho de 2016

Atenção Nascidos Antes de 1990...


Não nascemos há 10 mil anos atrás… mas fizemos coisas que hoje até mesmo nós duvidamos…

Tudo era livre e solto, brincávamos com meninos e não existia maldade. Fazíamos bonecas com sabugo de milho e vestíamos com flores de campanotas. Como morava no interior, tinhamos uma fábrica de bonecas, bastava ir nos pés de milho e escolher nossas bonecas, escolhíamos as mais lindas, com cabelos coloridos e longos, para podermos brincar de salão com elas e cortar seus cabelos.

Subíamos nos pés de frutas e cantávamos, como se estivéssemos num palco…

Tenho sinais nas pernas e nos cotovelos até hoje dos tombos do carrinho de rolimã que eu mesma fazia e as vezes os freios não funcionava aí eram os pés ou tombo na certa, engolia o choro e escondia os machucados para não apanhar da mãe….

Aos domingos nos reuníamos para brincar, descer ladeiras, dependendo do tamanho do carrinho íamos até em três. O tombo era certo…hehe. Escorregávamos na grama com folhas de coqueiro, rolávamos pneus, corríamos buscar e assim passávamos as tardes de domingo brincando.

Só tomávamos refrigerante no natal e ano novo…Meus pais engordavam um porco e frangos para essa época e compravam uma grade de refrigerante com 24 garrafinhas, 12 para tomar no natal, 12 no ano novo (sortidas), eu furava as tampinhas com um prego, com a intenção de durar mais…

As casas tinham quintais, cheios de árvores frutíferas, goiabas, pêssegos, parreira de uvas, laranja, bergamota, caqui, amora, araçá, jabuticaba…As frutas que não tínhamos em nossos quintais íamos pedir nos vizinhos. Quando não havia doação a gente fazia uma tomada de posse, que às vezes resultavam em castigo ou algo pior, como perder a matinada do domingo.

Jogávamos taco e bola de meia na rua, ocupando a pista de rolamento e todo mundo que por acaso tinha veículo, parava e esperava a gente terminar algum lance e sem bronca.

Adorava quando chovia para depois brincar na enxurrada e chegar em casa com barro até nos olhos. Escrever e desenhar na terra molhada com um palito. E quando chovia pedra, chupava as pedrinhas de gelo. Somos do tempo do gravador e da fita cassete, que ficávamos ouvindo rádio até tocar a música preferida, atentos para gravar e ficávamos torcendo para o locutor não falar nada durante a música ou no final…Nosso celular era uma caixinha de fósforo ligada por um fio de algodão, ficava um cada ponta, se ouvia a voz ao vivo e fingíamos que era de longe…hehehe

“Roubávamos” farinha, ovos, açúcar, de nossa mãe, para fazer bolinhos, misturávamos terra para fingir que era de chocolate, jogávamos peteca, torrões de terra, bolita e tampinhas de garrafas, tínhamos vergonha de comer açúcar mascavo e levar batata doce de lanche para escola. (Mas na volta da escola a fome era tanta que comíamos até as cascas hehe), íamos para escola a pé e quando chovia levávamos as congas na mão para não molhar, pois, não tinha outro calçado depois, secávamos as congas no forno do fogão a lenha, quando arrebentavam as tiras das havaianas, consertávamos com um prego e usávamos até gastar todo solado, na maioria das vezes nossa proteção era uma capa plástica, nossa mochila era um pacote de arroz ou de cristalçúcar de 5 kg…, tínhamos os tenebrosos cadernos de perguntas que circulavam por todo colégio, (só assim sabíamos um pouco o gosto dos colegas hehe), escrevíamos bilhetes para os meninos, porque a coragem não deixava falar pessoalmente, somos do tempo da chiclete Ploc que vinha com brinde um anel, do sorvete seco com balão, do pirulito dividido com os colegas…

Muitos do nosso tempo usaram o colchão de palha de milho e ninguém tinha alergia a nada e se existia ácaro não nos atingia, nosso chuveiro era um balde pendurado e tínhamos que encher de água, quem tinha água encanada era luxo, a noite esperávamos o pai para acender o lampião ou o liquinho a gás, que ficava geralmente na cozinha, (pois quem morava no interior ainda não tinha energia elétrica)

Enquanto a mãe fazia o jantar, nós ficávamos ao redor do fogão a lenha e rezávamos o terço com ela…Era sagrado antes de ir para cama pedir bênção para o pai e mãe e orar antes de dormir, isso se tornava lei para nós.Temíamos a nossos pais e não ousávamos desobedecer, era sagrado antes de ir para nossa cama, dar uma passadinha no quarto dos pais e deitar na cama junto, 2, 3, 4 , 5, irmãos e nada fica apertado, rezávamos juntos e em seguida íamos para nossas camas. Se fizéssemos bagunça o chinelo pegava para valer e juntamente com as chineladas se ouvia a frase: ”Quero que vocês sejam gente”.

Benditas palmadas! A gente apanhava e não tinha essa de direito da criança e do adolescente! Nosso direito era de respeitar os mais velhos, senão apanhava de chinelo, cipó, cinto, vara ou até mesmo com um pedaço de pau…

Bulling? Quem sabia que diabos era isso? Colocaram um apelido em você? Arrumasse outro pior ou aguentasse! No horário de aula, íamos ajudar na horta da escola, de onde a servente colhia nossos legumes e nossa salada para comer na hora do lanche. E para nós era uma diversão fazer isso.

Trabalhávamos desde pequenos, não sabíamos o que era preguiça. Acordávamos cedo todos os dias, ajudávamos nossos pais e seguíamos a pé por vários quilômetros até chegar na escola. Sempre felizes até mesmo no inverno, com os pés roxos de frio, pois, nem sempre nossa conga secava para calçar, às vezes tínhamos que ir de chinelo de dedo, quando não íamos descalços, com pouco agasalho, então corríamos para nos aquecer. Nossa alegria era quando chegava semana da pátria, pois ganhávamos uniforme novo e um par de congas.

Sobrevivemos e nos tornamos adultos responsáveis, cheios de garra e de sonhos…

E tudo isso foi melhorando com o tempo, até chegar o dia que poderíamos ter mais de um calçado, mais roupas, compradas com nosso trabalho!

Estamos “velhos” hehehe, mas tivemos uma infância maravilhosa!!

Fonte: Texto - Facebook -Xii não sei quem escreveu
            Imagem: Fleming de Oliveira

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