domingo, 19 de janeiro de 2020

A Velha Contrabandista


Diz que era uma velhinha que andava de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, cum bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega, tudo puta-velha, começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega a mandou parar. A velhinha parou. Então o fiscal perguntou:
— Escutes, vovozinha. Passas aqui todo dia com esse saco atrás. Quê diabo levas nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: — É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia, e mandou a velhinha saltar da lambreta pra examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha ir a diante. Ela montou na lambreta e foi embora com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o quê levava no saco.
— Areia, uai!
O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Então o fiscal se chateou:
— Olhes, vovozinha: Sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que és contrabandista.
— Mas no saco só tem areia!
E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
— Prometo te deixar a senhora passar. Não darei parte, não apreenderei, não contarei a alguém, mas digas qual é o contrabando que passas aqui todos os dias!
— Prometes que não ispáia?
— Juro!
— É lambreta.

Compartilhado das redes sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário